Pressão: força exercida sobre um ponto; influência, acção sobre alguém.
Assistimos, actualmente, a uma nova dimensão para a palavra pressão. Anteriormente considerada uma acção pontual, é categorizada actualmente por uma acção contínua exercida a vários níveis simultaneamente, quer seja num ponto específico ou através de uma influência ou acção sobre alguém.
Fazendo uma análise ao passado recente de Portugal, a palavra “pressão” passou a fazer parte do quotidiano português a partir do momento em que José Peseiro resolveu introduzir no nosso vocabulário a expressão “pressão alta”. Tal facto assumiu ainda uma maior relevância aquando do comentário de José Mourinho a esse tipo de pressing, afirmando ele que “pressão alta só se for na cozinha”. Pois é, Dr. Honoris Causa Special One, ainda não sabe vossa excelência da missa a metade…
Esta nova abordagem sofreu então uma metamorfose, extrapolando esta estratégia desportiva dos relvados da Academia de Alcochete, para os escritórios… também de Alcochete! Digamos que Alcochete está para a pressão, assim como Guimarães está para Portugal.
Esta primeira forma de pressão, exercida em momentos específicos do jogo dependendo do objectivo do treinador, é sempre utilizada com precaução e sobretudo mestria. A sua utilização intensiva leva ao desgaste acelerado dos agentes intervenientes, fazendo com que os mesmos não aguentem o tempo regulamentar nas melhores condições físicas e anímicas. Ao mesmo tempo, uma “pressão a todo o campo” poderá levar a que o adversário explore as costas da defesa por esta se encontrar demasiado subida na “linha defensiva”, podendo ser desferido um cínico golpe em contra-ataque.
No panorama político, começa-se a denotar alguns sintomas desta mesma “pressão alta” exercida em todos os domínios da realidade portuguesa nos últimos 4 anos. Sócrates entra em campo a pautar o jogo da sua equipa governativa a todo o gás. Começa por prometer uma goleada, uns inapeláveis 4-0 nesta primeira mão governativa, frente a um adversário de peso – o Mundo. Os prognósticos para o desafio estavam feitos! O lance para o primeiro golo pressupunha uma bola parada, bem estudada, nunca vista anteriormente: criar 150 mil postos de trabalho. O segundo tento, e não menos exuberante, pretendia retirar 300 mil idosos da pobreza em apenas 1461 dias. O 3º golo, e para muitos o mais difícil de alcançar atendendo às características do clima de crise em que a 1ª mão se desenrolaria, seria obtido por não aumentar os impostos. Finalmente, e para aqueles que só muito dificilmente se deixam impressionar, ficava a cereja em cima do bolo: o golo à choque tecnológico! Um pontapé de moinho cuja rotação completa só um Magalhães conseguiu no passado (e esse morreu faz muito tempo).
Quase terminada esta 1ª mão da eliminatória, onde vivemos agora os famigerados descontos de tempo, podemos já ir avançando com a uma análise personalizada desta acção governativa.
Sócrates é o clássico 10, à semelhança do seu homónimo brasileiro que actuava igualmente na mesma posição, mas com a diferença de que o sul-americano detém uma Licenciatura. Trata-se do típico caso do jogador que tenta pautar o jogo, que quer ter as boas atenções para si voltadas e mandando os outros fazerem o trabalho sujo quando a esfera não se encontra a seus pés. Contudo, não gosta este de sofrer a pressão do adversário e atrapalha-se frequentemente com a bola, facto preocupante para o cérebro do conjunto. É acusado de se atirar para o chão ao mínimo toque, dizendo-se perseguido, vítima de jogo sujo do adversário, ao mesmo tempo que procura reunir a compaixão do público que assiste à partida.
Como recuperador de bolas, o vulgo 6, escolheu Augusto Santos Silva para malhar no adversário. Longe vão os tempos de Jorge Coelho, em que quem se metesse com o PS, levava. Jorge Coelho foi transferido para uma outra liga, um outro conjunto que não deixa de ter ligações ao seu anterior clube…
Nos extremos, para abrir o jogo, encontramos duas figuras antagónicas. A extremo direito temos Vieira da Silva. A rapidez com que se demarca das suas responsabilidades, a inconsequência de todas as suas acções, são internacionalmente reconhecidas. Do outro lado encontramos Pinto Ribeiro. O facto de ser cego do pé esquerdo faz com que nunca esteja em jogo, e que muito raramente o vejamos em campo. A bola seguramente nunca passa pelos seus pés e não tem uma palavra a dizer na estratégia da equipa. Limita-se a estar presente.
Como dupla de centrais encontramos Pedro Silva Pereira, também conhecido como “a sombra” de Sócrates, já que parece ser uma acção quase impossível separar a carreira política de ambas personagens. Este tenta varrer todas as trapalhadas cometidas pelo seu meio campo, fazendo as dobras quer no Parlamento quer em entrevistas televisivas. A seu lado, a líbero, encontramos Teixeira dos Santos, já que não existe ninguém nesta equipa que jogue tão mais à defesa do que ele. Para fechar os flancos, não poderia faltar Rui Pereira. A administração interna tarda a estar “em linha” e nem Severiano Teixeira, no flanco oposto, dá uma ajuda à Defesa.
Para a “coluna vertebral” ficar completa, falta a dupla atacante. O ponta de lança é Manuel Pinho, caracterizado por falhar escandalosamente cada vez que tem oportunidade de facturar. Está sempre fora-de-jogo. A seu lado encontramos Mariano Gago. É bastante móvel, pois é sempre parte integrante de Governos que sofrem constantes mudanças e resultados até agora… nenhuns.
Por fim, falta-nos mencionar aquela que porventura seja a figura mais odiada por todos atendendo à posição que ocupa. Trata-se do guarda redes Mário Lino. Os lances aéreos protagonizados pelo caso do aeroporto não são seguramente o seu forte. Os lances corridos pelo chão como é o caso do TGV, também têm deixado à vista de todos a sua incapacidade para lidar com este tipo de situações. As estiradas a lembrar a terceira travessia sobre o Tejo também deixam muito a desejar. Muitos se perguntam porque ainda continua na baliza, mas especula-se que seja por acatar as ordens do organizador de jogo sem reclamar, mesmo que isso o exponha ao ridículo. Vaticina-se um final de carreira no Médio Oriente…
Nesta fase crucial do jogo, é utilizada cada vez com mais intensidade a pressão. A pressão, essa, vem de vários sítios e assume a mais variada natureza. A pressão é exercida sobre os juízes. Deste modo, pretendem que algum jogo sujo por si protagonizado no passado seja limpo, livre de amarelos e longe de vermelhos. Nem repreensões admitem… Observações são feitas ao organismo máximo para que todos dancem harmoniosamente a valsa.
A pressão é feita sobre os órgãos de comunicação social. Os lances duvidosos são filtrados, não vá o diabo tece-las. Outro tipo de pressão vem desde o Banco… Vê-se algo inusitado, um titular a preparar o seu futuro, a sua ida para o Banco. Até as sedes das claques são pressionadas em véspera de jogo pela própria polícia, perguntando por quem vão torcer, o que vão gritar…
Contudo, a maior pressão começa a sentir-se no público. A pressão começa a rebentar pelas costuras… No público, clama-se à boca cheia por reservas de bilhetes. Os próprios associados da equipa da casa acotovelam-se por lugares na tribuna para a 2ª mão que aí vem.
Nas curvas, o público divide-se. Questionam-se se a partida que acabaram de assistir não foi influenciada pela perspectiva em que se encontram. O enviesamento é a palavra na ordem do dia, se o modo sui generis com que observaram o desafio não terá deturpado a sua percepção do jogo.
Por fim, atrás das balizas, assiste-se a motins. São milhares as pessoas que se empurram contra as redes, que gritam e explanam toda a sua fúria para dentro do campo. Sentem-se defraudados. Muitos confiaram nas promessas de vitória fácil feitas pela equipa da casa. Esperavam um jogo fácil com a vitória a pender claramente para o seu lado. Para isso, muitos hipotecaram as poucas poupanças que ainda detinham para estarem presentes no estádio e apoiar a sua equipa. No final da 1ª mão, vêm-se sem dinheiro, sem esperança, humilhados e com a moral em baixo. Os poucos com dinheiro que saem do estádio, podem dar-se por contentes se chegarem a casa sem serem assaltados pelo caminho.
Como tudo na vida, persiste a velha máxima de que quem não marca arrisca-se a sofrer. Está na hora de mudar a equipa, de serem apresentados novos elementos em campo. É imperativa uma chicotada psicológica! Esta equipa teve 2.102.400 minutos para mostrar o que valia, e os resultados calamitosos estão à vista.
A 2ª mão está marcada por o último trimestre de 2009. Uma nova atitude, uma outra estratégia, um reformulado onze é necessário.
Diogo S.
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