Os cornos de Manuel Pinho

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 O caso do gesto impróprio do Ministro da Economia, Manuel Pinho, na Assembleia da Republica, no debate do Estado da Nação, vem levantar uma questão que se encontra para lá do acto em si. Um acto que salienta o pior da politica nacional. Um acto que não está na pessoa em questão mas no estado actual da política nacional.

No dia que se devia discutir o Estado da Nação, nas suas diferentes competências e problemáticas, o que saltou para a opinião pública foi o polémico gesto do ministro Manuel Pinho. Os temas debatidos e o interesse dos mesmos para a sociedade civil perderam todo o seu fôlego para dar origem à polémica de um acto que, em situações normais, seria abafado ou colocado no seu devido contexto.

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Sem querer defender o ex-ministro gostava de transmitir uma posição que me parece mais consciente. Nos últimos 4 anos muitos foram os erros que Manuel Pinho cometeu, muitas foram as gafes que destruíram a sua imagem. Mas teremos de ponderar a posição de todos os agentes políticos nesta situação, desde o governo, à oposição, passando pelos meios de comunicação social e acabando na sociedade civil. Todos são responsáveis; uns porque não assumiram as responsabilidades devidas, outros porque não souberam exigir as devidas responsabilidades a quem tem responsabilidades.

Face a uma opinião pública fraca e sem interesse pelo bem comum cabe ao poder politico e aos media ocupar esse espaço, muitas vezes da pior forma possível, como foi visto neste caso. Aquilo que era realmente relevante passou ao lado do debate público e dos agentes sociais, económicos e políticos.

Que país queremos ter? Que país queremos deixar para os nossos filhos? Será que queremos um país assente na mesquinhez e na mediocridade de gestos e comportamentos que só denigrem as instituições e as pessoas que as governam?

Em tempos de crise e de turbulências sociais, políticas e sociais era importante que surgissem políticas de fortalecimento do tecido social e económico, assente em valores e numa ética da responsabilidade. Tudo isto para que casos como o passado com Manuel Pinho não voltem a acontecer, naquela que é a casa da democracia nacional.

 

Hélder Silva

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